Muitas vezes ouvi dizer que o mundo moderno é muito pior que antes: mais violência, mais correria, mais stress, mais guerras.... Pois eu discordo veementemente!
Vejamos: primeiramente as guerras existiam desde a pré-história, ela não é exclusividade do mundo moderno, vem dizimando vidas, mudando a geografia política, minando recursos e produzindo novos ricos e novas nações desde que o mundo é mundo.
Quanto à violência, correria e stress, sou obrigado a concordar, vivemos num mundo atribulado, exigente e sem piedade, aqueles que não conseguem se adaptar ou se excluir dessa correria certamente irá sofrer graves consequências.
Porém, existem inúmeros outros aspectos que o mundo melhorou … e muito! Gostaria de focar um desses aspectos: A higiene e saneamento básico.
A pouco tempo li algo que fiquei horrorizado. Na época de ouro dos reinos europeus, entre os séculos XVI e XVIII, o saneamento básico era algo distante mesmo da nobreza. No famoso palácio de Versalhes, um decreto de 1715 estipulava que as fezes e outros dejetos seriam recolhidos dos corredores uma vez por semana. Tentem imaginar aqueles corredores cheios de fezes, urina, restos de comida e tudo mais que se possa imaginar. Não é a toa que a média de vida nessa época era inferior a 30 anos.
Este reveillon eu passei em Paraty. Para quem não sabe, Paraty é uma cidade no litoral sul do Rio de Janeiro. É uma cidade histórica, fundada em 1630, e com uma beleza natural esplêndida. Acontece que este final de ano choveu muito, mas muito mesmo, e o centro histórico da cidade alagou todo. Em conversa com os pessoal local, descobri que isso é normal na cidade. A cidade foi projetada em um nível muito baixo de forma que a maré alta entrasse pelas ruas da cidade e lavasse as fezes, lixo e todo tipo de dejetos que era jogado na rua. Ou seja, este era o supra-sumo no quesito limpeza urbana da época.
Nem precisamos ir tão longe, em minha infância, quando passava férias na casa de minha avó, não tínhamos água encanada e nem eletricidade. A água vinha de uma bica em um córrego ao lado da casa. Para satisfazermos nossas necessidades fisiológicas, recorriamos a uma “casinha” que ficava sobre um pequeno córrego. Dentro da casinha tinha um pequeno trono de madeira com o buraco no assento (como nossos vazos sanitários de hoje). Quando olhávamos pelo buraco do assento víamos o córrego passando embaixo, então bastava nos sentarmos, relaxar e deixar a natureza fazer seu trabalho. O que fizéssemos caía no córrego e era levado água abaixo.
Depois de visitar Paraty, ler este texto sobre o palácio de Versalhes e me lembrar dessa particularidade de minha infância, entro no banheiro da minha casa, dou descarga e fico imaginando para onde vai aquela merda toda.
Apesar de toda melhora, menos de 1% dos esgotos são tratados. Ou seja, quando puxo a descarga, a coisa não fica muito diferente daquela casinha da minha avó, mas com certeza é bem melhor que aquele palácio.
Vejam mais sobre a história da higiene no endereço http://veja.abril.com.br/121207/p_192.shtml
Mozart, para mim foi uma surpresa muito agradável encontrar seu blog! Como você está? Quanto tempo, cara!
ResponderExcluirQuanto ao assunto da postagem, fico vendo alguns filmes (ou seriados, como "The Tudors") e imaginando como seriam as cenas reais, todo mundo com um bafo de onça e cabelos sujos.
No meio da estrada que vai para minha cidade, construíram uma escola, perto de um riacho. O problema é que agora, todos os dias, nas proximidades da escola, rola uma catinga que me faz desconfiar se estão despejando os dejetos dela no riacho. Horrível isso...
A partir de hoje, acompanharei suas reflexões neste blog. Grande abraço!