23 de jun. de 2007

Notícias do Zat 10 (22/05/2007)

Olá Pessoal

Desculpem a falta de notícias nos últimos dias, mas já vão entender o porquê.
Até quarta feira da semana passada eu estava passando muito bem, não havia aparecido nenhum sinal de infecção (devido à baixa imunidade) ou de sangramento (devido ao baixo nível de plaquetas). No entanto, de quarta para quinta, apareceu uma repentina febre em razão de uma infecção. Durante a madrugada tentaram ministrar antitérmicos e antibióticos, mas a febre não cedia e chegou a um pico de 42 graus. A Gislaine, minha esposa, fez compressas frias em meu corpo para tentar, a todo custo, baixar a febre. Por volta de 3 horas da manhã a febre cedeu um pouco (mesmo assim mantendo-se acima dos 38) e eu consegui dormir um pouco. A partir daí, as lembranças que tenho são um pouco confusas e vagas. Lembro-me que pela manhã o quarto estava cheio de enfermeiras e os médicos que me acompanhavam. Eles tentavam conseguir um acesso venoso para ministrar os medicamentos e não conseguiam. A movimentação no quarto era grande e eu estava num estado de semi-consciência vendo tudo acontecer sem entender muito bem, como se não fosse comigo. Por fim, decidiram me enviar para o CTI.
Chegando ao CTI, as dificuldades continuaram grandes, não conseguiam acesso venoso e precisaram também de fazer um acesso direto à artéria. Lembro-me que tentaram pegar uma artéria no braço direito e não conseguiram, por fim, depois de muito custo, conseguiram pegar uma artéria em minha virilha direita. O acesso venoso também foi um problema, não conseguiam pegar em nenhum dos braços e acabaram pegando no pesco. Como se não bastasse, comecei a ter enorme dificuldade para respirar, parecia que eu estava respirando através de um canudinho daqueles fininhos. Eu puxava, mas o ar não vinha. Uma médica, dos muitos que estavam ao meu redor, começou a fazer massagem no meu peito para me ajudar a respirar até que trouxessem o respirador artificial. Por pouco eu não tive que ser entubado, mas graças a Deus somente a máscara facial do respirador foi suficiente para me dar um alívio.
Confesso que nestes minutos iniciais no CTI (não sei dizer ao certo quanto tempo) eu pensei pela primeira vez na vida na morte como uma possibilidade concreta e não como aquela coisa certa e distante.
Toda a quinta feira foi um suplício para mim, passava muito mal, todo preso a tubos e só podia me apegar na convicção de que Deus e meu Anjo da Guarda estavam ali comigo e que tinha que sair rapidamente dali. Na tarde de quinta meu quadro se estabilizou e fui retirado da sala de emergência para um box isolado da CTI para evitar nova contaminação. O medo de morrer já havia passado, mas não sabia quanto tempo ficaria ali e isso meu deu uma angústia muito grande. Neste momento lembrei de vocês todos, que têm me dado apoio, me incentivado e orado por mim ... isso me deu muita força e percebi que não podia deixar a peteca cair. Acho que foi neste momento que comecei a reagir. Logo depois disso eu recebi a visita da Gislaine e de meus irmãos, o que me fez ter novamente o otimismo e garra para enfrentar essa provação.
Praticamente não dormi de quinta para sexta. Na sexta à tarde meu estado geral começou a melhorar sensivelmente. Na sexta eu ainda tive dificuldades para dormir. Se fosse a uns três meses atrás, a noite de sábado para domingo teria sido uma das piores noites de minha vida, mas achei-a tão deliciosa, consegui dormir uma parte do tempo e o enfermeiro que estava me acompanhando era super alto astral e achei a noite simplesmente maravilhosa, se comparada às anteriores. No domingo tive alta do CTI e voltei para o apartamento.
Agora o susto passou e estou muito bem. Estou tomando alguns antibióticos, mas meu estado geral está excelente. De agora para frente a tendência é só melhorar, pois os leucócitos e as plaquetas já começaram a reagir e espero estar em casa brevemente.
Peço desculpas aos mais sensíveis pelos pormenores deste e-mail. Poderia tê-los evitado, mas pensei que descrever tudo que passei de forma um pouco mais explícita ajudaria a vocês pensarem na vida como um bem maior, que deve ser cuidado todos os dias. Aproveitem cada minuto, pois o minuto seguinte pode ser tarde demais. Neste período eu me lembrei de uma frase da qual eu não sei o autor: “Uma vida não vale nada, mas nada vale uma vida”. Portanto tratem de aproveitá-la ao máximo para ao fim dela terem a convicção de que deram o melhor de si.
Sugestão: Escutem a música “Epitáfio” dos Titãs (http://titas.letras.terra.com.br/letras/48968/).
Um grande abraço a todos.

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